Faz calor por entre as coisas
Entre as pessoas, faz frio...
Faz calor onde não deve
E, onde não há fosso, há rio.
Faz calor em minha vida,
Onde não deve.
Onde não tem que ter chama,
o fogo inflama
e reflete.
Ah, Deus sacana!
Ah, corpo inerte...
Ah,
Como parecem atraentes
as coisas vindouras olhadas ao longe
Parecem-me vir camufladas,
com o ar prazenteiro de quem muito esconde.
Iludem os desavisados
as coisas futuras fitadas ao longe
Acenam de longínqua altura
com a feição serena que simulam os monges.
Não têm este quê fastidioso
as coisas vindouras, se vistas ao longe
Não despertam a náusea e os enfados
de que a realidade é tão copiosa fonte.
Saudade –
Palavra saudosa
Nesses tempos de alarde
Sem prosa.
Estéril estio,
Não te espero mais
Deixe-me lutando
Em paz.
Em paz...
Que,
Com meu punhal,
Combato
Feras!
Panteras!
Quimeras...
Pra noite não me apanhar
Sentimental deveras...
Lua no céu
ninguém viu:
É tudo breu...
Meu verso no papel
ninguém leu.